segunda-feira, 11 de maio de 2009

Princípio Pentecostal: Não materializem o espiritual e nem espiritualizem o material!


Pessoal, segue um texto de minha autoria que foi publicado na última edição da Revista Geração JC (CPAD).

O teólogo pentecostal peruano Bernardo Campos criou o conceito de "princípio pentecostal". Dentre os pontos colocados por Campos desse "princípio pentecostal", destaco o terceiro: "O princípio pentecostal quer opor ‘espírito' ali onde o ser humano só que pôr matéria... e corporeidade ali ode o ser humano quer espiritualizar-se". Esse valor precisa fazer parte do pentecostalismo brasileiro, pois infelizmente há uma excessiva materialidade do espiritual e uma espiritualização do material.

Nas denominações evangélicas, especialmente as pentecostais, acontece há muito tempo uma materialidade dos ministérios eclesiásticos. O ministério pastoral deixou de ser um "dom ministerial" para servir como manobra política. Pessoas que são ordenadas por questões meramente convencionais, e não por chamado divino. Assim como na política brasileira, muitos se tornam pastores por causa do apadrinhamento eclesiástico ou nepotismo mascarado. Muitos vivem de "bajulações" para conseguir seu espaço na fila dos ordenados. Infelizmente essa é uma realidade cruel, porém não deveria ser ignorada.

No meio pentecostal também existe uma materialização dos dons espirituais. Igrejas pós-pentecostais já não valorizam o exercício dos dons do Espírito e nem incentivam os seus membros na busca do Batismo no Espírito Santo. Por outro lado, existe uma "espiritualidade pentecostal mecânica", como o famoso reteté. A suposta liberdade do espírito não passa de movimentos repetidos por serem frutos de um modismo passageiro e até midiático (já que esses movimentos espalham-se por meio da internet e DVD`s)

Para muitos, doenças como epilepsia, depressão e síndrome do pânico são logo identificadas como um demônio. Outros costumam repreender "em nome de Jesus" toda batida forte de uma porta ou ainda um tropeço na escada. Existem aqueles que se enganam, pensando que habitam numa "redoma de vidro divina" e logo estão livres de todo infortúnio. Muitos oram para que Deus ajude no vestibular, mas não estudam. Outros estão em busca de um casamento por meios de profecias. Em todos esses casos há uma espiritualização do material.

Mediante a politicagem eclesiástica totalmente materializada, alguns ainda apelam para uma pseudo-espiritualidade, atribuindo suas vitórias a Deus ou suas derrotas a algum complô diabólico. Nesse ambiente “mundanizado” a tentativa de espiritualizar não passa de mera retórica vazia e sem sentido.

Eventos da vida comum (e muito menos os erros ou equívocos) podem ser espiritualizados. A naturalização não pode ser aceita para tudo, com se tudo pudesse ser explicado sociologicamente. Esses extremos devemos evitar, aliás, como todos os extremos.

Gutierres Siqueira- Revista Geração JC (CPAD) Edição Ano 9 - nº. 70 (Maio-Junho). Página 39.

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